Cresce resistência a antimicrobianos, diz Onu

A Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu nesta terça-feira (5) para um aumento da resistência a antimicrobianos, favorecido pela disseminação de medicamentos e alguns produtos químicos no meio ambiente, que constitui uma grande ameaça à saúde.

Se a tendência se mantiver, aumentará o risco da contração de doenças incuráveis pelos antibióticos atuais em atividades tão banais como nadar no mar, advertiram os especialistas reunidos em Nairóbi pela Assembleia da ONU para o Meio Ambiente.

Em um relatório publicado nesta terça, denominado “Frontiers 2017”, os especialistas assinalaram que “a difusão no meio ambiente de componentes antimicrobianos provenientes de casas, hospitais e estabelecimentos farmacêuticos, assim como da atividade agrícola(…), favorece a evolução bacteriana e o surgimento de cepas mais resistentes”.

“A advertência lançada por este relatório é verdadeiramente alarmante: os seres humanos poderiam participar do desenvolvimento de superbactérias devido a nossa ignorância e negligência”, considerou Erik Solheim, diretor do Programa da ONU para o Meio Ambiente.

A resistência antimicrobiana é um quebra-cabeça para as agências de saúde internacionais. Em escala mundial, cerca de 700 mil pessoas morrem por infecções a cada ano.

Um relatório publicado em 2014 advertiu que as patologias resistentes aos antibióticos poderiam matar 10 milhões de pessoas até 2050, o que seria a principal causa de mortes, à frente de doenças cardíacas e câncer. Seu custo é estimado em 100 bilhões de dólares.

Era pós-antibióticos

“Poderíamos entrar no que as pessoas chamam de era pós-antibióticos, ou iremos voltar aos anos antes de 1940, quando uma simples infecção (…) era muito difícil, ou impossível”, de curar, explicou à AFP Will Gaze, da Universidade de Exeter, na Inglaterra, coautor do relatório.

As bactérias são capazes de transferir entre elas genes que garantem uma resistência aos medicamentos, de passá-los às futuras gerações, de recuperá-los diretamente do meio ambiente, ou de modificar seu próprio DNA.

Atualmente, entre 70% e 80% de todos os antibióticos consumidos pelos seres humanos ou animais volta ao meio ambiente por meio dos excrementos.

Humanos e animais igualmente excretam germes, resistentes ou não, no meio ambiente, onde se misturam com os antibióticos e com as bactérias criadas naturalmente.

Se a esta mistura forem acrescentados produtos antibacterianos, como os desinfetantes e os metais pesados que são tóxicos para os germes, surgem as condições ideais para desenvolver bactérias resistentes aos medicamentos, em locais onde os humanos estarão em contato com elas.

Fonte: G1Bem Estar
Revisão: www.cotaplanosdesaude.com.br

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *